"...Acerca do seu passado, quase nunca lhe fiz perguntas. e sobre o meu contei-lhe mesmo pouco. Para quê dizer o contrário? Histórias, histórias e pessoas. Paisagens. Palavras. Sensações. Uma coisa atrás da outra. Umas antes, outras depois. E depois, todas elas, queiramos ou não. Deveríamos escolher? Mas assim tudo se pode falsear. Fui tudo como te conto. (E também fui o que não te conto e que, portanto, jamais conhecerás.) Mas agora sou uma outra coisa. Sou... aquilo que vais fazer de mim. Ou coisa parecida. Sou aquele vazio onde depositarás os teus sonhos, um por um, como depositamos em estantes, bem ordenados, para que eu me junte a eles a partir do meu próprio vazio, que começará a deixar de o ser graças a ti. Vou ser também esse armazém de trastes velhos onde se largam as coisas que não se querem, coisas para esquecer, as velharias, as teias de aranha, as cartas antigas, as más piadas, as perguntas aqui engasgadas, os cachecóis rotos... E mais não digo, já me fiz entender."
in "Dá-me prazer" Flávia Company
2 comentários:
gostei dos meninos alfinetes. E.. gostei do texto! Boa Anabela :)
Tão fofinhos :)))
Beijinho grande!
Helena :D
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