segunda-feira, 26 de maio de 2008

Casser la voix!

Vou fazer das minhas palavras um e-mail que escrevi há mais de um ano, mas é como me sinto de novo, não vou reinventá-lo por que tudo está igual.

Louco aquele que pensava que a terra não era redonda...

Março 2007 para alguém (que aqui não interessa para aqui):
"A minha vida deu uma volta a 180º: estou a caminho do desemprego, para minha grande desilusão. Consegue imaginar o meu desânimo. (...) meu contrato não será renovado. Tenho a ousadia de perguntar que país é este que valoriza influências em vez de competências!? Este não é o meu país! Não são estes os meus valores! (..) Dediquei dois anos e meio da minha vida, por que acreditava, por que gostava, por que era o resultado da minha luta, dos meus sacrifícios e dos meus pais (...) assumido cargos, competências, responsabilidades (...) O meu trabalho era reconhecido mas pelos vistos não foi suficiente.Perdoe-me este desabafo.
(...) as ofertas de emprego assustam-me quando vejo o salário mínimo como pagamento! É quase um insulto.
Terei eu lutado para isto!?"


Não tenho palavras que descrevam a minha angústia. Sempre me considerei uma pessoa satisfeita a nível profissional: gostava do que fazia, dos meus colegas de trabalho. Trabalhar sempre foi um prazer. Tinha noção que tinha tido muita sorte de nunca passar pelo tão famoso "desemprego".
Por que é que as entidades fomentam o ensino superior se o mercado não cria as oportunidades?! Não se lembram que somos jovens mas temos sonhos, desafios, gastos, dívidas, ... Infelizmente, as nossas vidas não passam de folhas de papel com um número no canto direito que é usada, amarrotada e deitada para o lixo!

Sinto que o meu coração um dia destes ainda me vai sair pela garganta.




se esta noite, não me apetece ir embora sozinha,
se esta noite, não me apetece ir para casa
se esta noite, não me apetece calar-me
se esta noite, apetece-me dar cabo da voz, dar cabo da voz, dar cabo da voz

não posso mais acreditar no que está escrito nas paredes,
não posso mais ver a vida dos outros nem que seja em pinturas,
não estou para os sorrisos de depois da meia-noite
não me leves a mal, se esta noite apetece-me

dar cabo da voz, dar cabo da voz,
dar cabo da voz, dar cabo da voz,

Os amigos que partem
E os outros que ficam
Ser tomado por estúpido
Por pessoas que detestamos
Encontros perdidos
E o tempo que se perde
Entre jovens usados
E velhos que esperam
E esses flashes que cegam
na televisão todos os dias
E os cabrões que bramem
a cor do Amor
Os jornais que se arrastam
Como eu arrasto o meu tédio
O medo que é meu
Quando acordo de noite

dar cabo da voz, dar cabo da voz,
dar cabo da voz, dar cabo da voz,

E as raparigas da noite
Que nunca vemos de dia
Que deitamos na nossa cama
Chamando a isso amor
Recordações vergonhosas
que esquecemos a frente do nosso espelho
dizendo "sou um nojo
mas não sou nojento"
Devagarinho os sonhos fluem
sob o olhar dos pais
e as lágrimas que rolam
nas bochechas das crianças
E as musicas que vêem
como gritos na garganta
Vontade de gritar a nossa raiva
Como um gato que degolamos

dar cabo da voz, dar cabo da voz,
dar cabo da voz, dar cabo da voz,

se esta noite, não me apetece ir embora sozinha,
se esta noite, não me apetece ir para casa
se esta noite, não me apetece calar-me
se esta noite, apetece-me dar cabo da voz, dar cabo da voz, dar cabo da voz

Patrick Bruel "Casser la voix" 1989

5 comentários:

VanessaGuerra disse...

olá e obrigado pela visita ao meu blog.. adoro os livros de Paulo Coelho por acaso aquele desiludiu-me... mas já estou a ler outro e estou a gostar imenso.. beijo
P.S.- escreves muito bem....

Angélika disse...

Bem, que posso eu dizer... concerteza não será um "bem vinda ao clube" porque pertencer ao clube dos desempregados em Portugal não é nenhum contentamento. Eu já estive desempregada alguns meses, depois lá consegui mais um trabalho a prazo e agora estou a desesperar pois já vou em mais de 6 meses de desemprego.
Já não sei o que fazer... para onde me virar... a falta de € faz-se sentir a cada dia que passa, assim como o tédio de não estar a trabalhar, não estar empenhada em tarefas, enfim ocupada.

Espero que arranjes algo depressa.

Cumps.
Angélika

Bijus_Joaninha disse...

Olá amiga

Espero que a feirinha tenha corrido bem.

Beijinhos
Joana

Coisas de Mulher disse...

Olá Anabelinha!
Como estás tu minha querida?
Realmente o dia havia de ter mais horas, também eu já não "punha aqui os pés" há uns diazitos, cof cof... pronto, semanas, mas só uma ou duas...
:))))
Beijinho muito grande minha linda!
Helena :D

ShopSu - Artesanato Contemporâneo disse...

:-( Gosto das tuas escolhas musicais francesas... tenho as mesmas referências...